O número de casos de dengue em todo o País tem aumentado e assustado principalmente os que têm filhos, pois as crianças fazem parte de um grupo de risco que desenvolve os tipos de dengue grave. Segundo a pediatra, infectologista e epidemiologista e docente do Instituto de Educação Médica (IDOMED), Sílvia Fonseca, nos pequenos o diagnóstico da dengue é desafiador, pois clinicamente apresentam febre e choro, perda do apetite e apatia, sintomas comuns que ocorrem em muitas outras infecções.
Ela explica que as crianças menores também apresentam quadro de maior desidratação do que as crianças maiores e adultos, “por isso é importantíssimo os pais ficarem atentos aos vômitos, boca seca, choro sem lágrimas e diminuição da diurese”, diz a especialista. A médica ainda faz um importante alerta: “Os pais precisam ficar muito atentos. Mesmo que não apresente uma febre alta, mas esteja com olho fundo, boca seca, sem fome, sem sede, muita irritação, já deve ir ao médico, pois a piora é rápida”, explica.
Segundo o Ministério da Saúde, em 2024 já são 243 mil casos, contra 65 mil registrados no primeiro mês de 2023. Os números ainda mostram que, no País, ainda em janeiro de 2024, já são mais de 19.800 casos prováveis de dengue em crianças de até 9 anos, mais do que o dobro dos números registrados em 2023, de 8.262 casos; um aumento de 140%.
Repelentes
A médica informa que nem todos os tipos de repelentes de insetos são recomendados para bebês. “Os pais devem verificar as informações nas embalagens e comprar o mais adequado para a idade dos filhos”, pontua destacando que o melhor e o mais indicado é a prevenção, em vários aspectos, inclusive o de evitar focos do mosquito em casa.
“Não é aceitável que diante dos números sejam encontrados criadouros de mosquitos dentro de casa. Não pode ter água parada dentro de vasos, até mesmo uma tampinha de garrafa pet já pode ser foco do mosquito da dengue, por isso a importância de atenção aos detalhes em todo o imóvel. Telar as janelas também pode ser uma opção”, reforça a Dra. Sílvia Fonseca.
A dengue
A dengue é uma doença causada por qualquer um dos quatro sorotipos dos vírus dengue e é considerada a mais importante arbovirose no mundo. Infelizmente, a incidência no mundo tem aumentado dramaticamente, que segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), aumentaram em quase 10 vezes nos últimos 20 anos.
“A medicina está evoluindo cada vez mais e a vacina, agora adotada no Brasil pelo SUS para populações de crianças e jovens de 10 a 14 anos, soa como uma esperança, ao menos para evitarmos hospitalizações e mortes nesta faixa etária”, comenta a epidemiologista.
Em 2023, cerca de 5 milhões de casos com 5 mil mortes foram reportados em 80 países ou territórios na África, Américas, Sudeste Asiático, ilhas do Pacífico e na região mediterrânea. Também há relatos de casos de dengue em regiões europeias, principalmente Itália, França e Espanha. A OMS estima que 2,7 a 3 bilhões de pessoas vivam atualmente em áreas onde há transmissão de dengue. No Brasil, em 2023 foram 1094 óbitos relacionados com a dengue.
Por Camila Vasconcelos / Jornalista
– IDOMED – IGUATU