A festa mais popular do Brasil está chegando e muita gente foca nos preparativos para curtir os quatro dias de folia. Para não perder o ritmo, entram os famosos “kits ressaca”, cada vez mais comuns nas farmácias. Compostos de várias medicações combinadas, os tais kits prometem neutralizar os efeitos do álcool e do pouco descanso no organismo e recuperar o corpo o mais rápido possível para mais algumas horas de folia.
Segundo a professora do curso de farmácia da Wyden e do Instituto de Educação Médica (IDOMED), Rayssa Bueno, o problema é que, ao usar vários medicamentos ao mesmo tempo, é possível desencadear uma interação medicamentosa grave no corpo, levando a problemas de saúde bem piores do que uma ressaca.
De acordo com o Conselho Federal de Farmácia, algumas combinações são arriscadas como o uso de analgésicos e álcool que podem causar irritação da mucosa do estômago, hemorragia gastrointestinal, tonturas e perda da coordenação motora. Outra combinação que não se deve fazer é de antiácido e contraceptivo oral (anticoncepcional), pois reduz o efeito do contraceptivo pela diminuição da absorção pelo organismo.
Superdoses
A superdosagem de medicamentos é outro agravante que pode prejudicar a saúde dos foliões. Doses além das recomendadas do paracetamol (analgésico e antitérmico), por exemplo, podem causar lesões no fígado. Se for utilizado junto com anti-inflamatórios, a combinação pode aumentar as chances de intoxicação.
Já doses muito altas de dipirona sódica (analgésico e antitérmico) podem causar alergias e alterações sanguíneas. E, se o medicamento ingerido em grande quantidade for o ácido acetilsalicílico (analgésico e anti-inflamatório), os sintomas possíveis são náuseas, vômitos, diarreia, dor de estômago, gastrite, hemorragia gástrica e urticárias. O uso prolongado e em dose excessiva pode predispor a danos renais. Outro risco é o de induzir crises em pacientes propensos a asma.
Rayssa Bueno defende que buscar orientação profissional é a principal forma de utilizar os medicamentos corretamente e evitar problemas. “É preciso se informar. Converse sempre com o farmacêutico de plantão. A combinação de álcool e medicamentos traz riscos e a moderação, tanto no uso de álcool como no de medicamentos, pode salvar vidas”, finaliza.
Por Camila Vasconcelos / Jornalista
– IDOMED – IGUATU