O dia 17 de novembro é lembrado como Dia Nacional de Combate à Tuberculose, uma das doenças mais antigas do mundo. Apesar de conhecida há muito tempo, apenas em 1882 foi descoberto o agente causador da doença, o Bacilo de Koch ou Mycobacterium tuberculosis, nome pelo qual é conhecido atualmente.
“A forma mais comum da tuberculose é a pulmonar, embora seja importante salientar que é uma doença que pode também acometer outros órgãos, como linfonodos, ossos e meninges. Essas manifestações atípicas ocorrem mais em pacientes com comprometimento imunológico, seja ele adquirido ou congênito”, explica o pneumologista e docente do Instituto de Educação Médica (Idomed), Daniel Messias.
Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil são notificados aproximadamente 70 mil novos casos e ocorrem cerca de 5 mil mortes em decorrência da tuberculose. Com isso, o país ocupa a 20ª posição no ranking. Segundo a OMS, no mundo, cerca de 10 milhões de pessoas adoecem por tuberculose a cada ano. Os sintomas são tosse persistente, febre vespertina, sudorese noturna e emagrecimento, sendo a tosse o principal diagnóstico, seca ou produtiva.
“Caso a pessoa apresente esses sintomas, é muito importante que seja investigado para tuberculose com o médico de família, clínico geral ou pneumologista de referência. Além disso, é preciso que o serviço de saúde pública tenha conhecimento para que sejam realizadas buscas ativas de outros doentes e contatos”, alerta o médico.
Tem cura!
A tuberculose tem cura. O seu tratamento dura, no mínimo, seis meses e é oferecido pelo SUS. De maneira geral, são utilizados quatro medicamentos para o tratamento. “Uma das estratégias para potencializar essa cura é a adesão dos pacientes ao Tratamento Diretamente Observado, que consiste na observação da tomada da medicação por um profissional capacitado. Já com 15 dias de tratamento, a transmissão se encerra e o paciente começa a se sentir bem melhor. No entanto, não podemos interromper o tratamento neste período”, sinaliza o professor de Medicina.
Mesmo após o tratamento, pode haver alguma sequela, como o comprometimento da estrutura do pulmão e maior probabilidade de desenvolvimento de sintomas respiratórios e infecções pulmonares, por exemplo. Por isso é mandatório que o paciente, após o tratamento, continue o acompanhamento com o médico. “A Tuberculose é uma doença tratável e prevenível. Temos que buscar identificar precocemente as pessoas infectadas para que iniciem o tratamento o mais rápido possível para reduzir a transmissão. Além disso, políticas públicas em âmbito municipal, estadual e federal devem ser implementadas globalmente e aperfeiçoadas buscando uma melhora da saúde e bem estar da população”, afirma.
Contágio
O pneumologista explica que a tuberculose é muito negligenciada. É uma doença infecciosa transmissível, principalmente pela via respiratória, através da eliminação de aerossóis pela tosse, espirros ou até mesmo pela fala. “O que preocupa muito os profissionais da saúde é que, em média, uma pessoa não tratada pode contaminar, em um ano, cerca de 10 a 15 outras pessoas”, alerta.
O bacilo é sensível à luz e à circulação de ar. Por isso, se o ambiente tem iluminação direta do sol e é bem ventilado, as chances de contaminação são reduzidas. “Outro fator que ajuda a reduzir a contaminação é a etiqueta ao tossir: tapar a boca e nariz ao tossir, de preferência com o antebraço”, explica Dr. Daniel.
Programas Nacionais de prevenção
O Programa Nacional de Imunizações (PNI), do SUS, oferece uma vacina que ajuda a proteger contra os quadros graves de Tuberculose, como a tuberculose meníngea e miliar. Ela é dada por volta do 5º dia de vida da criança, mas pode ser administrada até 11 meses e 29 dias de vida.
No Brasil existe o programa “Plano Brasil livre da tuberculose”, que implementou três pilares para combater a doença: Prevenção e cuidado integrado e centrado na pessoa, Políticas arrojadas e sistema de apoio e Intensificação da pesquisa e inovação. O objetivo é que em 2035 aconteça uma redução de 95% das mortes causadas pela tuberculose no Brasil, quando comparado com 2015.
Diversas pesquisas têm sido realizadas buscando tratamentos mais eficazes, com menos efeitos colaterais e de mais fácil administração. Um exemplo importante é de uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz que busca uma nova medicação para o tratamento da tuberculose.
Por Camila Vasconcelos / Jornalista – IDOMED – IGUATU