A nova vacina contra a dengue, chamada de Qdenga, está chegando no Ceará neste mês de julho. De acordo com a especialista em Clínica Médica e docente do Instituto de Educação Médica (IDOMED), Bruna Custódio, o imunizante do laboratório Takeda Pharma, deve reduzir o impacto da endemia de dengue no estado que acometeu quase 39 mil pessoas, com 17 mortes, em 2022. No Brasil, os números são ainda mais alarmantes. Só este ano, o Ministério da Saúde registrou 1,3 milhão de casos de dengue, com quase 600 mortes.
“A vacina chega com proteção para as quatro variantes existentes no Brasil. Ela representa um avanço significativo no combate à dengue e na redução do número de casos graves e mortes causadas pelo vírus. Então, é importante que as pessoas busquem a imunização, principalmente as que ainda não tiveram dengue ou que só tiveram uma ou duas vezes. Até o momento, a única vacina contra a dengue que tínhamos era a Dengvaxia, do laboratório Sanofi Pasteur, mas era recomendado apenas para quem já tinha sido infectado com o vírus da dengue”, afirma a especialista.
Efeitos colaterais
O imunizante pode ser aplicado em duas doses, com intervalo de três meses entre as aplicações, em pessoas entre 4 e 60 anos, exceto em gestantes, pacientes com HIV ou com outra imunossupressão. Nos ensaios clínicos, a Qdenga mostrou ter uma eficácia global de mais de 80% contra a dengue causada por qualquer sorotipo. De acordo com o laboratório, a vacina também reduziu as hospitalizações em 90% por dengue.
Dra. Bruna Custódio explica que a nova vacina tem efeitos colaterais, como todas, “o máximo que ela pode causar, na maior parte das pessoas, é vermelhidão no local, nos primeiros dois dias pode apresentar febre e moleza no corpo, mas tem sido poucos sintomas relatados e a maioria de forma leve.
Distribuição
Aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em março, inicialmente, apenas as clínicas, farmácias e laboratórios particulares poderão oferecer o imunizante. Segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), o preço deve chegar ao mercado no valor médio de R$ 400. Para o SUS, ainda não há previsão de quando será liberada para imunização em massa, pois depende da aprovação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec). No entanto, a médica explica a importância de ela ser, urgentemente, distribuída na rede pública de saúde.
“Infelizmente, pelo valor que será cobrado pela dose da vacina, nem todos poderão ter acesso. Diante disso, desejamos que seja incorporada pelo SUS e que tenha distribuição ampla, pois qualquer pessoa pode ser contaminada e, apenas com a imunização em massa, poderemos ver resultado significativo na população”, destaca a Dra. Bruna Custódio.
A médica finaliza explicando que, apesar da chegada da nova vacina, medidas de prevenção para o combate do vetor por meio da eliminação de criadouros do mosquito e da educação em saúde, devem continuar a acontecer. “Não se pode relaxar. É preciso de ações conjuntas e a colaboração de todos para que a dengue deixe de ser uma ameaça de uma vez por todas”, finaliza.
Por Camila Vasconcelos - Jornalista