Mártir Francisca - Qual a história da jovem santificada no Ceará
No município de Aurora, Francisca foi vítima de feminicídio, assassinada pelo ex-noivo, que não aceitava o fim da união - Entenda a história da mártir
Registro do velório de Mártir Francisca, em 1958
Em 2024, 66 anos separam o município de Aurora, no interior cearense, da memória do feminicídio de Francisca Augusto da Silva. A jovem de 16 anos foi assassinada pelo ex-noivo em 1958 e se tornou mártir para a população local.
Conhecida pelos devotos como “Mártir Francisca”, a capela erguida pelo pai, Manoel Pedro Ferreira, reúne os fiéis da “moça da capelinha”. Ao lado da construção esverdeada, um pé de pereiro marca o espaço de martírio de Francisca. O único registro fotográfico que sobreviveu ao tempo é o de seu velório. O clique apresenta, em preto e branco, a vítima e seus familiares. Entenda mais sobre a história de martírio da santa popular de Aurora.
Mártir Francisca - História de seu martírio
Nascida Francisca Augusto da Silva, em 21 de fevereiro de 1941, a futura mártir cresceu no sítio Creoulas, no interior da cidade de Aurora. Os pais, Manoel Pedro Ferreira e Júlia Augusto da Silva, eram agricultores no local. Os relatos que levam ao martírio de Francisca divergem, mas possuem um fator em comum: o fim do noivado com o agricultor Francisco Ferreira Barnabé, o Chico Belo. Em uma das versões conhecida pelos fiéis, o pai da mártir não gostava da personalidade de Chico e pediu que o noivado acabasse; como filha diligente, Francisca aceitou. Na versão da irmã da mártir, Maria Júlia Ferreira, o motivo era diferente: “Como eu era a mais velha (19 anos), numa noite, meu pai disse que eu ia me casar primeiro porque só tinha dinheiro pra um casamento. Eles iam se casar no outro ano (1959). Ele ficou com raiva e pediu a aliança. Foi ele que acabou o noivado, depois Francisca não quis mais porque era um bruto. Meu pai soube que ele disse que ia matar ela. Tomou uns cuidados, mandou Francisca para outro lugar. Mas aconteceu”. Era 9 de fevereiro de 1958 e a população local celebrava (com atraso) a festa de São Sebastião. O dia ficaria marcado pelo assassinato de Francisca, que caminhava com os irmãos mais novos pela estrada antes de ser interceptada por Chico Belo. O processo 48/1958, da Comarca de Aurora, descreve o crime: “o bárbaro matador desferiu contra a indefesa jovem, cruel e perversamente, com alongada faca peixeira, onze ferimentos”.
O assassino foi condenado, mas a família de Francisca não optou por vingança. Acredita-se que a jovem apareceu em sonho para um irmão, pedindo serenidade. Atualmente, os devotos da Mártir Francisca não se limitam ao Cariri, e visitantes deixam pequenas lembranças na “capelinha” da santa cearense, como forma de pagar as suas promessas.
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