Durante um encontro com os vicentinos, numa determinada ocasião, o Papa Paulo VI lembrou que certas formas de assistência deviam ser atualizadas em vista das presentes condições sociais, devendo os confrades saberem descobrir “novas providências, para as novas necessidades”. Além disso, o Papa observou que as conferências da Sociedade de São Vicente de Paulo funcionavam como uma escola onde a caridade era ensinada e praticada.
Posteriormente, em uma audiência privada com o então Presidente do Conselho Geral da Sociedade de São Vicente de Paulo, Confrade Rouast, sua Santidade mencionou “que ele era e permanecia confrade de São Vicente de Paulo desde a idade de 12 anos, mas que os deveres de seu cargo o impediam, praticamente, de continuar, na hora atual, o que lamentava muito”.
São Paulo VI, foi canonizado em 14 de outubro de 2018 pelo Papa Francisco, tendo sido o responsável por dar sequência e concluir o Concílio Vaticano II, iniciado por seu predecessor.
As palavras de São Paulo VI nos levam a duas reflexões constantes e essenciais na vocação vicentina. Primeiramente, a necessidade constante de encontrar "novas providências, para novas necessidades". Além disso, as conferências vicentinas representam um ambiente educativo onde a caridade é aprendida e aplicada. Isso significa que essa vivência é uma oportunidade para absorver a maneira de colocar em prática o evangelho (caridade) a fim de atender às necessidades contemporâneas.
Ao se reunirem em conferências, os vicentinos já compartilham uma amizade preexistente, uma fraternidade enraizada na convivência e uma convergência de valores, que deve criar um ambiente de comunhão. Embora conflitos e divergências de opinião possam surgir, estes nunca devem ser superiores ao objetivo comum de elevar a dignidade dos assistidos.
Apesar das diversas perspectivas presentes entre os vicentinos, duas características fundamentais da vocação permanecem indissociáveis e de alguma forma são marcas de São Vicente de Paulo e do Beato Frederico Ozanam, que são a maneira organizada de se fazer a caridade e o contato pessoal e constante com os Pobres.
Falando mais sobre as conferências, Paulo VI disse aos vicentinos em 1964: “Nelas, o espírito cristão permanece, o interesse fraterno permanece, o gesto que dá sem humilhar permanece, a aproximação das famílias indigentes e de pessoas necessitadas permanece, a amizade entre indivíduos socialmente distantes permanece, o propósito de encontrar remédio para tantos sofrimentos permanece, a esperança na justiça e na bondade permanece, permanece a Caridade.”
Então para permanecermos, devemos aproveitar a pluralidade de dons e de ideias, provenientes de diferentes idades, gêneros, filosofias sociais e políticas, para fortalecermos a missão de sermos uma escola de caridade, como tão bem exemplificou Paulo VI. Desta forma, podemos responder de maneira eficaz tanto às necessidades atuais quanto às persistentes, aplicando abordagens tanto novas quanto tradicionais.
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