"O conceito de seca está associado a um período de meses — ou até anos — em que a precipitação está abaixo da média esperada para aquele período", explica Francisco de Assis de Souza Filho, professor do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental da Universidade Federal do Ceará (UFC) e coordenador do Centro Estratégico de Excelência em Políticas de Águas e Secas (Cepas).
"A estiagem é um termo que a gente utiliza para aqueles períodos chuvosos que não chove. A seca é um comportamento médio, e a estiagem é uma ausência de chuvas por alguns dias ou meses", adiciona.
As situações, segundo o professor, já provocaram uma série de problemas sociais e econômicos. “Os impactos, no caso aqui do Ceará, são historicamente sistêmicos. A gente teve impactos importantes no ciclo do gado e do algodão. Em 1887, a cada seis cabeças, cinco morreram, impactando a economia. Também tivemos secas muito severas que geraram processos de migração: 1915, 1932, 1958, 1970 etc.”
Nos últimos 20 anos, de acordo com Assis, os impactos da seca ainda existem, mas tiveram uma mudança de perfil. As situações não causam migrações como geravam no passado. Ele acredita que isso acontece por causa da criação do sistema de gerenciamento de recursos hídricos e das políticas públicas voltadas à segurança alimentar.
Em nota, a coordenadoria da Defesa Civil de Milhã informa que a situação tem causado perda da produção agrícola e consequentemente da diminuição da produção pecuária, além da dificuldade hídrica, "tendo em vista a falta de água nas cisternas e nos reservatórios de pequeno e médio porte (açudes)".
"O município tem trabalhado por meio da perfuração de poços, limpeza de cacimbões e atuação do carro pipa municipal, mas as ações não são suficientes para controlar os impactos da estiagem", continua.
O POVO entrou em contato com a Prefeitura de Acopiara, mas não obteve retorno até a publicação da matéria. O texto será atualizado caso a demanda seja respondida.
O Povo