O governador eleito do Ceará, Elmano de Freitas (PT), disse que puxará para si a condução da segurança pública. "Primeiro, cuidar disso pessoalmente", disse ao ser questionado sobre como tratará o tema, pelo jornalista Jocélio Leal, no programa O POVO no Rádio, nas rádios O POVO CBN e CBN Cariri.

Indagado se isso não enfraquecerá o secretário da área, Elmano negou. "Não, eu acho que nós temos que trabalhar com a ideia de equipe, porque há questões integradas." Entrevistaram Elmano os jornalistas Rachel Gomes e Farias Júnior, além de Jocélio Leal.

O petista apontou que quer atuar em duas frentes: as forças de segurança, mas também políticas de prevenção. O que passa pela assistência social. Por isso, segundo ele, o papel do governador para decidir e encaminhar questões que envolvem mais de uma secretaria.

Elmano exemplificou que pretende ter uma intensa política de juventude. "Investir em regiões onde jovens são aliciados por organizações criminosas", disse. A ação envolve áreas como meio ambiente, cultura e esporte.

Concursos da Polícia Civil

Ele falou ainda sobre o reforço de pessoal. "Eu vou chamar os concursados da Polícia Civil. Quero dizer às pessoas que foram aprov no concurso da Polícia Civil que elas serão convocadas."

O governador eleito apontou a instituição entre as prioridades. "Eu quero transformar a Polícia Civil numa instituição muito forte. Eu tenho clareza da necessidade de fortalecimento."

Elmano prosseguiu: "Temos um efetivo da Polícia Civil ainda hoje reduzido. Eu quero aumentar muito o efetivo da Polícia Civil. Aumentamos 20 mil profissionais de segurança, mas na Polícia Civil o aumento foi menor."

O futuro gestor do Estado destacou esta entre as mudanças que haverá na segurança do Ceará no mandato que se inicia em janeiro. Uma prioridade será o combate financeiro às facções criminosas.

"Se vai ter uma diferença nesse nosso governo é uma prioridade de aumentar mais o efetivo da Polícia Civil e o fortalecimento da área de inteligência do governo, para exatamente enfrentar essas organizações criminosas, com a meta de asfixiar financeiramente, causá-las muito prejuízo e tomar patrimônio de chefes de organizações que vivem no luxo. Nós vamos tentar arrecadar esses bens."

Outra ampliação sinalizada na campanha e confirmada após a eleição é a intenção de levar a cobertura do Raio para todo o Ceará.

Os pilares, então, segundo Elmano serão o uso do novo Centro Integrado de Segurança Pública (Cisp), fortalecer a inteligência e ter uma Polícia Civil mais forte. 

Reconhecimento facial

Uma das ações mencionadas por Elmano é o uso das câmeras de segurança para identificação facial de foragidos da Justiça. Segundo ele, a tecnologia para isso já está quase pronta. Além disso, disse que recebeu a sugestão e incorporou de usar também para localização de pessoas desaparecidas.

Controladoria

Elmano disse ainda que a Controladoria Geral de Disciplina (CGD) será fortalecida. "Em toda categoria numerosa, há pessoas que se desviam do ponto de vista ético. A Polícia é tão serio o trabalho que um policial que se desvia muitas vezes está ajudando o tráfico, está ajudando a uma organização criminosa. O dano que ele causa à sociedade é muito grave."

A CGD recebe críticas de policiais por suposta perseguição. Elmano, porém, destacou a importância desse controle. "Eu preciso ter uma CGD forte, independente, autônoma, para descobrir quem é esse policial envolvido (com crime) para tirarmos essa pessoa que não merecia estar na Polícia Militar nem na Polícia Civil." Ele completa: "Como aqui mexemos com situações-limite, de organizações criminosas poderosas economicamente, efetivamente isso implica em termos uma CGD fortalecida e é o que eu farei."

O governador reconheceu que há processos na CGD movidos por coisas menores. "Agora, abuso de poder, condutas que não podem ser aceitas na Polícia, isso a CGD tem de apurar. E tem de ter a garantia de que o policial tem direito a ampla defesa, tem direito ao contraditório e deve ter ajuda para isso."

Elmano reforçou ainda que não pode haver partidarização nas estruturas militares. "Não cabe politica partidária dentro da Policia Militar. É um risco à democracia do País. Não cabe isso na Policia, não cabe isso no Exército, não cabe isso em Forças Armadas. Precisamos ter valorização dos policiais, o máximo que a gente puder fazer para valorizar os nossos policiais. E tirar da Polícia qualquer semente que possa ter (de política partidária)".

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