A região Centro-Sul do Ceará é extremamente desamparada em termos de proteção ambiental, em todos os aspectos. E Iguatu, não sendo diferente, persegue o título de campeão da devastação, começando por não contarmos com a atuação do Instituto Nacional do Meio Ambiente (IBAMA), embora no passado tivéssemos uma unidade bem atuante, com várias apreensões de gaiolas e madeira (com ênfase na apreensão das estacas de sabiá), apreensão de peixes na época da desova e de avoantes, tudo muito bem degustado pelos amigos dos órgãos de proteção (...), além disso, não se dispõe de um histórico real de ações no sentido de evitar o aterramento de lagoas, desmatamento e queimadas e, consequentemente, dizimação da flora e fauna.
Sem reservas ou receios, temos notícias dos campeonatos de caça de tatu, da perseguição ao cervo do mato (veado), na região da Serra do Alencar, matança de aves aquáticas na Lagoa de Iguatu, queimadas de brocas que acabam gerando incêndios na mata seca, caçadas na serra que divide Quixelô e Orós, extração de madeira em alguns pontos, de areia nos rios, esta, destroçando as matas ciliares, devastando todos os pontos nos quais os exploradores se instalam, os nichos da devastação.
Não há fiscalização, não há controle, até porque isso gera desconforto entre os gestores políticos e o interesse da construção civil, pontos que se antagonizam, mas que precisam ser reelaborados, revistos, para amenizar os efeitos causados pela destruição da natureza.
Luiz Gonzaga transpirava preocupação com a natureza, como imprime no seu Xote Ecológico: “Não posso respirar, não posso mais nadar
A terra está morrendo...” Sim, a terra está morrendo!
Na nossa cidade, livremente se acomodam os amantes de pássaros com viveiros enormes em casa, mantidos na cômoda ilegalidade sem que ninguém os persiga, até porque não há eficácia nas leis quando a sociedade não prepara as pessoas ou as conscientiza para que aprendam a respeitar cada espécie e permiti-las viver em paz em seus habitats. Tranquilamente jogam lixo pesado nas lagoas, até pó de vidro em áreas passíveis de proteção e que vira reduto de despejo.
Acho que a suma do nosso xote antiecológico é que nos nossos atos ou omissões, a terra está morrendo.
Maria Lopes de Araújo.
Servidora Pública Federal aposentada- IFCE. Escritora (cronista, contista e poetisa). Licenciada em Letras pela UECE. Bacharel em Direito pela URCA. Advogada atuante e cidadã comprometida com a causa ambiental, com ênfase na preservação integral da caatinga.