Falar de caatinga é falar do bioma mais brasileiro que existe, nome que significa “mata branca” e se estende pelos Estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Sergipe e o norte de Minas Gerais, ambientes em que se destaca a alta diversidade de animais, abrigando cerca de 1900 espécies entre vertebrados e invertebrados.
Muitas dessas espécies encontram-se em estágio de extinção pela caça predatória, queimadas, devastação das matas, pela falta de controle governamental a partir dos órgãos de proteção, destacando-se nesse rol de risco, a ararinha azul, por sinal endêmica desse bioma, símbolo da biodiversidade da região, subestimada ao longo da história, a onça parda e o veado do mato.
Muitos outros animais que compõem esse vasto, único e rico bioma, de certo modo, todas as populações têm sido afetadas pelas causas referenciadas, porém, algumas espécies mais que outras, sobretudo pela caça, tais como a onça pintada (Panthera onca), o gato-do-mato (Leopardus tigrinus) o guigó-da-Caatinga (Callicebus barbarabrownae), que é o único primata endêmico desse bioma, e o tatu-bola (Tolypeutes tricinctus), espécie endêmica do Brasil, dentre outros.
Na nossa região, perceptível é o sumiço de algumas aves e mamíferos, cuja extinção é iminente, a saber, o preá do mato, o guaxinim, muitas aves aquáticas que pouco são vistas de forma que sem uma conscientização coletiva no sentido de rigorosamente, proteger nossa fauna, em poucos anos estaremos a avolumar a lista dos extintos pela ação humana.
Quanto ao preá, talvez um dos mais representativos da nossa região – centro sul cearense-, trata-se de um pequeno roedor, herbívoro, cujo período de gestação dura cerca de 61 dias, estão em fase de extinção sobretudo pelas queimadas, acabando com o alimento dessa espécie.
A ave gralha cancã- “Cancão” predomina bem nos estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Pernambuco e Bahia é um pássaro de tamanho grande. Possui coloração deslumbrante nas cores branco e preto com linhas azuis que se assemelham com sobrancelha e olheira, tem canto apreciado, motivo por que é tão visado pelo tráfico de animais e, além desse canto “padrão”, possui uma gama variada de outras vocalizações que são utilizadas de acordo com a situação: alerta, chamado etc. Também conseguem imitar outras aves.
A gralha-cancã come de tudo, desde artrópodes, insetos, frutos, inclusive de várias cactáceas à ração de galinha, se acessível. Alimenta-se também de pequenos roedores, pequenas cobras, peixes e até outras aves menores; a gralha-cancã é uma ave “fria” que mata suas presas com diversas pancadas na cabeça.
Vivem, sobretudo, próximos às fontes de água, embora habitem áreas onde não existam fontes de água permanentes e além de ser um grande colaborador no controle ambiental, por alimentar-se de insetos é um difusor se sementes o que garante a perpetuação das espécies da flora.
Caso não haja políticas de preservação e comprometimento político no sentido de preservar o meio ambiente, fauna e flora do bioma da caatinga está sob crescente risco.
Maria Lopes de Araújo.
Servidora Pública Federal aposentada- IFCE. Escritora (cronista, contista e poetisa). Licenciada em Letras pela UECE. Bacharel em Direito pela URCA. Advogada atuante e cidadã comprometida com a causa ambiental, com ênfase na preservação integral da caatinga.