O início da semana foi de muito trabalho para produtores de bananas, nas regiões dos distritos de Barro Alto e Gadelha, zona rural de Iguatu, por conta das fortes ventanias que atingiram as localidades, entre elas o sítio Quixoá dos Lopes. Na área de 3 hectares, o produtor Manoel Lopes, que tinha perdido mais de 50% dos pés da variedade pacovan, na terça-feira, 17, no dia seguinte, teve o restante da produção derrubada pelos ventos. “A gente não sabe nem por onde começar. O jeito é cortar os pés caídos, limpar tudo novamente e esperar uma nova produção. Deu para salvar pouco mais de um milheiro”, lamentou o agricultor que tem como principal fonte de renda o plantio da fruta.
Em relação aos prejuízos, Manoel e outros produtores que tiveram áreas atingidas disseram não estimar as perdas que ainda estão contabilizando. “Foram dois dias seguidos de chuva e ventania. O vento muito forte e uma chuva muito rápida. A gente não tem noção de quanto perdeu, mas sei o que tô devendo. Só em umas das dívidas tenho que pagar R$ 600,00 de adubo, mas não sei de onde tirar. A minha renda é da banana”, acrescentou Lopes.
De acordo com levantamento feito com produtores, desde 2013 áreas produtoras nas várzeas do rio Jaguaribe passaram a ser atingidas praticamente todo ano com perdas, prejuízos contínuos para o setor. O produtor Paulo de Tarso Lopes estima que perdeu cerca de 4 hectares. “A gente não tem uma noção do total de área atingida em nossa região. Só quando a gente corta, que a gente tem o tamanho da área atingida. A gente tem que limpar logo, tirar as folhagens dos pseudocaules de cima dos filhos de banana para que eles não morram, não prestando mais. Aí a gente acaba tendo um prejuízo total. Daqui a 8 meses quando a banana estiver bem cuidada a gente volta a produzir de novo. A gente já estava sem banana, devido aos altos custos, da pandemia, das perdas anteriores. Agora a gente volta a ter prejuízos de novo. Tá difícil!”.
Desde 2013
Iguatu é um dos maiores produtores de banana do Ceará das espécies nanica (casca verde) e pacovan (prata). São mais de 700 hectares cultivados. Segundo o técnico agrícola Venâncio Vieira, o prejuízo não é só da produção que é perdida, mas afeta o ciclo de safra, principalmente de perdas futuras. “Os pés da fruta levam cerca de 9 a 10 meses para produzir uma nova safra. Mas tem alguns produtores que têm resistência em mudar de variedade. As bananas prata, rio, catarina e apodi têm pés mais resistentes, são de porte baixo que suportam mais os fortes ventos”, disse Venâncio, acrescentando que os fortes ventos fortes passaram a atingir as áreas de cultivo de banana a partir de 2013. “Anteriormente, pouco se falava sobre o problema. Esse fenômeno natural vem se repetindo praticamente a cada ano, principalmente em período de pré-estação de chuva ou no próprio período chuvoso. Para muitos deixam até de ser uma surpresa”.
Ainda de acordo com o técnico, mesmo criando como alternativa barreiras de proteção natural com o plantio de árvores, que devido ao grande porte das bananeiras pacovan que ultrapassam os 10 metros de altura, chega a não ser efetivo. “Acaba não se tornando viável porque as faixas de terra de cultivo da fruta muitas são estreitas, o vento quando passa sai derrubando os pés em efeito dominó, por serem próximos um dos outros. O ideal é substituir por outras variedades, mas para alguns produtores tem a questão comercial pela preferência da pacovan”, explicou.
O milheiro da pacovan é vendido em média por R$ 220,00, no mercado local.
Jornal A Praça