De acordo com o “Estudo de Perdas de Água 2024 (SNIS, 2022): Desafios na Eficiência do Saneamento Básico no Brasil”, o Estado do Ceará enfrenta um desafio significativo no setor de saneamento básico, perdendo 44,38% do volume total de água anualmente antes mesmo que essa água chegue às residências. Apesar dessa elevada taxa de perdas, o Ceará ocupa a 12ª posição no ranking nacional nesse quesito.
O levantamento realizado pelo Instituto Trata Brasil (ITB) revela que as principais causas dessas perdas são os vazamentos nas redes de abastecimento, erros de medição e consumos não autorizados, conhecidos popularmente como “gatos”. Esses fatores contribuem para a ineficiência no uso e distribuição da água, afetando tanto a qualidade do serviço quanto os recursos financeiros envolvidos.
Os vazamentos nas redes de abastecimento representam uma significativa fonte de desperdício, onde grande parte da água tratada não chega aos consumidores finais devido a infraestruturas antigas ou mal-conservadas. Além disso, os erros de medição, que incluem problemas nos equipamentos utilizados para medir o consumo de água, resultam em dados imprecisos e dificultam o controle eficiente do recurso.
Os “gatos”, ou consumos não autorizados, também são um problema considerável. Eles ocorrem quando indivíduos ou empresas se conectam ilegalmente à rede de abastecimento de água, usando o recurso sem pagar por ele. Essa prática não apenas reduz a receita das companhias de saneamento, mas também sobrecarrega o sistema, aumentando o risco de vazamentos e outros problemas técnicos.
A posição do Ceará no ranking nacional, embora não seja a pior, ainda indica a necessidade de melhorias urgentes. A eficiência no saneamento básico é crucial não apenas para a sustentabilidade ambiental, mas também para a saúde pública e a economia. Reduzir as perdas de água pode resultar em um fornecimento mais confiável e de melhor qualidade, além de liberar recursos para investimentos em outras áreas do setor.
Para enfrentar esses desafios, é fundamental a implementação de políticas públicas eficazes, investimentos em infraestrutura moderna e bem conservada, além de campanhas de conscientização sobre o uso responsável da água. A colaboração entre governo, empresas de saneamento e a população é essencial para promover uma gestão mais eficiente e sustentável dos recursos hídricos.
O estudo do ITB serve como um alerta e uma oportunidade para o Ceará e outros estados brasileiros reavaliarem suas estratégias de saneamento, buscando soluções que possam minimizar as perdas e garantir um abastecimento de água mais eficiente e justo para todos.
Artigo: Lucinete Alves
Foto: Rádio Tribuna de Iguatu