Ser mãe, cuidar da família, estar no oitavo mês de gravidez, gerir as políticas públicas estaduais para mulheres e ser a vice-governadora do Ceará. Motivada pela inspiração que encontra nas batalhas das mulheres do estado, essas são apenas algumas das responsabilidades diárias de Jade Romero, que leva consigo a difícil tarefa de representar e oferecer apoio, por meio de suas ações, às mulheres cearenses.
“Quando me perguntam quais são as mulheres que inspiram, eu sempre digo que temos na história várias mulheres que inspiram, mas o que mais me inspira são as mulheres cearenses, são essas mulheres que representam 52% da população, que lutam diariamente, que têm as mais diversas dificuldades e que nem sempre conseguem ter esse apoio necessário”, comentou a vice-governadora.
Engajada na luta feminina, e sendo uma das mulheres mais importantes do Estado, Jade ressaltou que – para mais do que reconhecimento e ‘mimos’ no Dia das Mulheres – é importante o reconhecimento diário daquelas que, muitas vezes, têm seus direitos invisibilizados. “Lógico que recebemos todos os presentes e mimos, essas práticas simbólicas de reconhecimento. No entanto, o 8 de Março é para que o reconhecimento seja uma prática diária. Esse é um dia que simboliza uma luta, lutas por essa política de mulheres que busca igualdade“.
Carregar consigo tantas tarefas não é exclusividade da vice-governadora, e é isso que ela destaca. Como qualquer outra mulher na sociedade, que desempenha diversos papéis ao mesmo tempo, Jade se iguala a todas quando fala sobre o ‘trabalho do cuidado’, que também desempenha, apesar da rede de suporte que tem. “Não são os filhos que retiram a mulher do protagonismo profissional ou político, é essa desigualdade de gênero, desigualdade entre os papéis“, enfatizou Jade Romero.
É analisando esse cenário feminino, de sobrecarga, desigualdade no mercado de trabalho e pouco reconhecimento, que a vice-governadora ressalta a importância da sociedade saber do que se trata a ‘invisibilidade do trabalho e do cuidado’. “Existem pesquisas que apontam que, se fôssemos mensurar o que representa o trabalho do cuidado, remunerado ou não, no mundo, seria o equivalente a 13% do PIB mundial. Estamos falando de atividades que são, majoritariamente, executadas por mulheres, mas que são muitas vezes invisíveis. Que é cuidar dos filhos, a questão da alimentação da família, cuidar da casa, cuidar dos idosos da família. Todas essas atividades que se acumulam, não são remuneradas, mas são essenciais, para que todo o restante da economia aconteça”, explicou Jade.
Jade Romero acredita que trazer o tema para debate, seja abordando o assunto ou por representatividade, é uma forma de trazer visibilidade e assim pensar, como sociedade, em formas de reconhecer e aliviar essas sobrecargas. “Todo o restante da economia e sociedade precisa dessas mulheres fazendo esse trabalho de cuidado, para que o restante possa acontecer. Falar sobre isso é dar mais condições das mulheres aliviarem essas cargas, por isso, tem sido o objetivo de trazer um pouco dessa pauta para o dia a dia”, pontuou.
Ligando o assunto ao seu momento atual, Jade quer usar a ocasião para inspirar discussões e debates. “Eu pretendo fazer desse momento, um momento de oportunidade, para discutir sobre as mulheres que vivem os mesmos desafios que vivo, no dia a dia, de conciliar esses papéis. Quero conseguir ter essa presença necessária, dando continuidade a esse trabalho que venho fazendo e ampliar esse diálogo”, ressaltou.
Em um país onde apenas 29,7% dos cargos públicos são ocupados por mulheres, segundo estudo realizado pelo Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (GEMAA/UERJ), com Fundação Lemann e a Imaginable Futures, com apenas 38 anos, Jade chega a um dos cargos executivos mais importantes do Estado com uma forte história de engajamento político. Com graduação em Gestão Pública, sendo especialista em Políticas Públicas, e mestranda em Administração Pública, Jade Romero já assumiu importantes cargos públicos, como secretária-executiva do Esporte do Governo do Ceará e secretária de Participação Popular de Fortaleza. No entanto, é como vice-governadora e primeira secretária das Mulheres do Ceará que seu nome fica marcado na história do Estado.
Para Jade, viver esse momento da carreira conciliado a este momento da sua vida pessoal – em que está grávida de uma menina -, carrega uma grande representatividade. “Tem uma representatividade simbólica muito forte, para que outras mulheres, que vivem esses diversos papéis que nós temos na sociedade, se sintam representadas e sintam também que esse espaço, esse lugar, é um lugar de todas as cearenses, de todas as brasileiras”, ressaltou. A vice-governadora já é mãe de outros dois garotos: Igor, de 19 anos, e Mateo, de 2 anos.
Tendo assumido o Governo do Ceará duas vezes neste um ano e três meses, e assim, sido a primeira governadora grávida a assumir um governo no Brasil, a vice-governadora reforça seu papel com as mulheres. “Quero que as mulheres vejam que esse é um lugar que podemos acessar, independente do momento em que estejamos vivendo. Eu acredito muito nesse poder simbólico da representatividade. Me vejo ainda com mais força, por ser mulher, por estar grávida, gestando uma outra mulher e estando na frente da política de mulheres do Estado do Ceará. [Esse meu momento] reforça o simbolismo, mas reforça também a força e o desejo de construir, hoje e amanhã, para o futuro, aquilo que a gente sonha para as futuras gerações”, complementou Jade.
Com a Jade Romero à frente da pasta, a primeira Secretaria das Mulheres do Ceará (SEM) teve seus trabalhos iniciados no ano passado e, até o momento, acumula fortes políticas públicas colocadas em ação no Ceará. Falar diretamente sobre as necessidades femininas, combater preconceitos, criar e colocar em prática políticas públicas para as mulheres, para a Jade é “um desafio necessário”.
“É sempre desafiador iniciar algum processo, mas também é sempre motivante ser pioneira em algo. Então, eu venho como a única vice-governadora do Brasil que assumiu uma Secretaria de Mulheres de um estado. Então, eu venho com um papel de desenhar e organizar essas políticas públicas. Os gestores passam, mas as políticas ficam“, destacou Jade. “Então, esse é um momento de grande importância no avanço da política das mulheres. Temos pastas em âmbito federal e estadual, trabalhando em fazer e formular essas políticas públicas, de maneira institucionalizada, envolvendo o poder executivo e os demais poderes que são os nossos parceiros nesses desafios”, completou.
Apenas no primeiro ano, entre suas principais ações, a Pasta lançou o Ceará Credi Mulher – que já investiu mais de R$ 20 milhões em empreendedorismo feminino – e criou o Programa Ceará por Elas – integrado a 111 municípios e que trabalha nos eixos Mulher Segura, Mulher Protagonista e Mulher Empreendedora. Também foi implantado o Selo de Equidade de Gênero e Inclusão, que certifica as empresas e organizações públicas e privadas do Ceará que desenvolvam, em caráter permanente, projetos e programas que assegurem a igualdade de direitos entre gêneros.
Em meio a políticas de Segurança Pública, criou o Comitê Estadual de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher e Combate ao Feminicídio, foi implantada a Patrulha Maria da Penha e lançado o programa Tempo de Justiça – que busca garantir mais agilidade na investigação e no julgamento dos processos dos crimes de feminicídios no Ceará. Outra importante adição às políticas de segurança foram as Medidas Protetivas de Urgência Virtuais (MPU´s), que possibilitam a solicitação de medidas protetivas de urgência pela Internet.
Além das políticas citadas, o avanço também veio em equipamentos voltados ao público feminino. O número triplicou, passando de cinco – uma Casa da Mulher Brasileira, três Casas da Mulher Cearense e uma Casa da Mulher Municipal – para 15 equipamentos – 13 Casas da Mulher (em Beberibe, Barbalha, Baturité, Fortaleza, Ibiapina, Juazeiro do Norte, Mucambo, Nova Russas, Novo Oriente, Quixadá, São Benedito, São Gonçalo do Amarante e Sobral) e três Salas Lilás (em Santana do Cariri, Jaguaruana e Nova Russas) – em completo funcionamento.
Para Jade, o trabalho que a Secretaria desenvolve vai além da ideia de “proteção das mulheres”, é um trabalho que busca diminuir a desigualdade de gênero como um todo. “Eu sempre digo que o que está posto hoje, em relação ao avanço na proteção das mulheres, o enfrentamento à violência, as questões relativas ao mercado de trabalho, no qual ainda tem muita desigualdade entre homens e mulheres, precisa ser um valor que permeia toda a sociedade. Afinal, buscar equidade de gênero é uma forma de reduzir as desigualdades sociais”, concluiu.
Isabella Campos - Ascom Casa Civil