Mesmo em um momento onde as mulheres estão cada vez mais ganhando destaque, ocupando espaços que antes só eram ocupados por homens, muitas ainda precisam enfrentar desafios e superar obstáculos para conquistar sua liberdade e conforto. A professora Cícera Nascimento, 39 anos, é uma que está nessa jornada e o seu primeiro passo foi a conquista da Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
Há nove anos ela tentou pela primeira vez tirar a CNH, mas não conseguiu passar na prova prática. “Fiquei muito nervosa, me achando incapaz. Depois achei que não era pra mim e meu marido também não me incentivava. Fiquei com trauma. Depois de alguns anos eu engravidei e eu ficava dizendo que seria meu filho que, quando fizesse 18 anos, era quem iria dirigir para mim”, disse.
Porém, o filho de Cícera tem paralisia cerebral e tem o diagnóstico de autismo. Devido à situação, os planos de Cícera tiveram que mudar. “Quando recebi o diagnóstico dele eu comecei a criar coragem para aprender a dirigir pois vi que seria eu que teria que enfrentar minhas dificuldades para dirigir para ele e não ele para mim”, relata Cícera que diz que também paga caro ao ter que se deslocar com o filho em carros de aplicativos para levá-lo às consultas e terapias.
“Para onde eu vou preciso levá-lo no braço ou em sua cadeira adaptada. Nessas circunstâncias, sai muito caro ter que custear transportes por aplicativo sempre. Isso sem contar na insegurança quando o motorista dirige perigosamente e nos coloca em risco. Toda essa dificuldade me deu forças e coragem para novamente tentar tirar a habilitação. O meu instrutor também me ajudou bastante, me motivando e me fazendo acreditar que eu também seria capaz”, relata.
O presidente do Sindicato das Autoescolas do Estado do Ceará (Sindcfcs), Eliardo Martins, celebra a conquista de Cícera e incentiva que mais mulheres busquem realizar seus sonhos e a conquistarem seus espaços. “Tirar a CNH para a maioria delas é um momento muito significativo e marcante. Muitas passam por cima da negativa do marido ou do pai para tirar a carteira de motorista. O trânsito é um espaço para todos e as mulheres merecem o seu destaque e todo o nosso respeito”, finaliza Eliardo.
Por Camila Vasconcelos / Jornalista
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